A aranha

Pela manhã os mosquitos de sempre, perambulam pelo as linhas cinzentas entre as lajotas brancas de cerâmica. Encostam-se, afastam-se e o mundo parece o mesmo até que uma voe dali, e de repente aquilo acaba por se aparecer com um aeródromo onde pousam e decolam. 

Quando chega a noite, as luzes ascendem-se e as moscas ainda continuam lá, algumas pelo menos se movem como magnetizadas pela lâmpada e passam a voar em círculos em torno da luminária substituída pelo sol em sua navegação angular. 

Então alguma coisa acontece. Uma trupe de pernas se esgueira de uma das fendas do forro descendo até as lajotas. 

Uma aranha cinzenta menor que um alfinete.

Retorcia-se contra suas pernas. Uma a uma envolvia em um ligeiro movimento escrutinador; as pernas dianteiras apontavam-se como uma lança enquanto as duas restantes traseiras apontavam-se rente ao corpo bi partido. Seguiu-se um momento de silêncio e zas. Em um súbito o artrópode pulou com as forças das pernas e a cauda a trás encobrindo a mosca pequena que pastava entre uma dobra e outra da lajota.

A mosca se foi e a aranha ainda envolvia com seu gume, demorou-se por alguns minutos, quando o chuveiro foi desligado e a luz apagada.